Depois do desfile, já na coletiva, Alexandre comentava o quanto o destacar da silhueta feminina é importante e atraente. Bem mais do que mostrar-pele. Bem mais do que a auto-vulgarização de um decote. Herchcovitch não rompeu com os decotes. Assim como não vai deixar de ir a próxima Semana de Moda de Nova Iorque só porque concorda que lá o mote dos desfiles é totalmente comercial.
É tão desencanado que mistura, cheio de luxo, a sutileza e maciez de
georgettes de seda com casacos militares super-estruturados. Na linha da armação de tecidos fluidos entram as dragonas, super referência dos anos 80, contrastando com camadas suaves e
baby-dolls-flutuantes 70's demais!

As mulheres de Herchcovitch também vão à guerra. Mas, ao contrário da linha de frente da ameaçadora coleção masculina, as mulheres são capitãs. Com fardas militares cáqui, um vietnã-moderno e pastel se funde com babados de
musseline e não mostra a pele, mas delineia o corpo.

São as capitãs do contraste e da fusão de leveza e militarismo, de guerra e paz, de rigidez e brandura. A inspiração de Alexandre partiu dos mesmos elementos que guiaram o campo de batalhas e de miscigenação masculino, mas a delicadeza dos babados estratégicos revelou placidez na seriedade sugerida pelos ombros imponentes.

Por isso Alexandre, O Próprio, repetiu após o desfile, “não acho que a feminilidade das mulheres está no batom vermelho ou no decote, e sim na personalidade, naquilo que ela pensa e na forma como ela age”.
Fotos: Gabriela Casartelli
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